Esse DIA DOS PAIS vai ser mais um daqueles dias que você vai lembrar que viveu sem teu pai a vida toda e que metade de sua história continua incógnita junto com ele. O permanente vazio paterno sempre esteve aí, e não se faça de vítima porque é um saco lidar com gente carente. Mas me faça o favor de não cair na armadilha de fingir que não há um “mal estar” no ar. Não caia no jogo do tudo está bem como está. Beba desse cálice até a última gota. Lidar com rejeição, abandono e indiferença não é das tarefas mais fáceis, mas não fuja da sua história. Transforme isso em alguma coisa: numa música, livro, carta, poema, performance insana na rua, num quadro abstrato, numa roupa ou numa alegoria de carnaval. Mas não deixe passar em branco o que deixaram em branco em você. Não faça o jogo deles. Não é normal não ter um pai presente. Não naturalize seu sofrimento e não viva a vida achando que é assim mesmo que funciona. Em algum lugar alguém vai te ver, te ler, te ouvir e vai reconsiderar a importância de ser pai. Alguém vai desconfiar que é super desejado, querido, idealizado e precisa dar as caras em algum momento.
Então, saia com os amigos, com os pais de seus amigos, beije muito na boca, dance, beba um pouco mais que o normal, porque isso é comemorar! Mas não disfarce o seu desconforto por estar acompanhado do seu vazio neste dia. Em algum lugar, por causa do seu amoroso “protesto”, uma indiferença será revisitada e quem sabe, desfeita.
Bom, eu...
Eu vou comemorar filmando histórias de pessoas que como eu vão estar um pouco “estranhas” nesse dia.